Nos fortes ventos da Praia do Futuro, onde o mar encontra o céu e a areia se mistura à memória, aconteceu o aguardado I Festival Gastronômico da Praia do Futuro, um evento que não apenas celebrou o caranguejo, mas também o enredo ancestral que ele representa para a nossa cultura. Como participante de um dos painéis, tive a honra de compartilhar minha visão sobre a importância desse pequeno ser marinho, que não é apenas um alimento, mas um elo vivo entre o passado e o presente, entre o sabor e a memória. Como cultura.
O caranguejo, tão presente nas mesas cearenses, é mais que um prato típico: é símbolo de resistência, de uma culinária que atravessa gerações e se adapta às mudanças do tempo. Durante o festival, pude sentir em cada prato, em cada conversa e nos olhares atentos dos participantes, que esse crustáceo carrega em suas cascas uma história de luta, de sabores, de terras e mares que se encontram para criar uma experiência única.
O evento foi uma verdadeira celebração da nossa cultura gastronômica, onde chefs locais e pequenos empreendedores puderam exibir seus talentos e reafirmar a relevância do caranguejo não só na gastronomia, mas na economia local. Mais do que uma iguaria de sabor inconfundível, ele é parte essencial da nossa identidade, um patrimônio que se renova a cada garfada, a cada pescador que volta com a pesca, a cada prato que é servido com o toque acolhedor dos nossos restaurantes.
Enquanto participante, tive a oportunidade de refletir sobre a conexão entre a tradição e a inovação, e como os mercados locais, como o da Praia do Futuro, podem transformar a gastronomia cearense em uma força ainda mais potente para o futuro. O festival é um exemplo perfeito de como as raízes culturais podem ser cultivadas, preservadas e, ao mesmo tempo, impulsionadas por um olhar atento às necessidades e desejos dos novos consumidores.
A Praia do Futuro, com seu cenário de tirar o fôlego e sua energia vibrante, foi o palco perfeito para esse encontro. Foi lá, entre risos e conversas compartilhadas, que o caranguejo se revelou como um símbolo não apenas de Fortaleza, mas da nossa história, da nossa gente e da nossa força criativa. E, ao fim do festival, o que fica é mais do que a memória de um evento grandioso. Fica o sentimento de que somos, todos nós, parte de uma tradição que se alimenta de nossas águas, de nossas mãos e, principalmente, de nossos corações.
Sobre o Festival
O I Festival Gastronômico da Praia do Futuro, realizado de 14 de novembro a 1º de dezembro de 2024, foi uma celebração vibrante da cultura cearense. Durante esse período, mais de 70 barracas ao longo de aproximadamente 7 quilômetros de praia ofereceram pratos exclusivos à base de caranguejo, proporcionando aos visitantes uma experiência culinária única.
A programação do festival foi rica e diversificada, incluindo palestras e oficinas presenciais e online sobre gastronomia do caranguejo, manejo sustentável e receitas tradicionais. Destacou-se a demonstração de manejo do caranguejo e receitas tradicionais para cozinheiros e chefs de cozinha, realizada na Cozinha da Barraca Marulho. Além disso, o evento contou com atividades culturais, como exposições sobre o ciclo das tartarugas-de-pente na Praia do Futuro, promovidas pelo Instituto Verde Luz.
O festival também ofereceu oportunidades de desenvolvimento profissional, como o “Reciclando Vidas”, um programa de preparação para emprego e carreira destinado a jovens iniciantes no mercado de trabalho, realizado pelo IPOM. Houve ainda a presença de um banco itinerante do Banco do Nordeste, facilitando o acesso a serviços bancários e crédito para pequenos empresários locais. O “Mutirão de Emprego”, em parceria com a AEPF, SINE e IDT, ofereceu recrutamento e seleção para vagas nos negócios da Praia do Futuro.
A cerimônia de abertura, realizada em 13 de novembro, contou com um coquetel de lançamento na Barraca Marulho, marcando o início dos dias de festividades. O encerramento do festival ocorreu em 3 de dezembro, com o pré-lançamento do documentário “(RE)Conhecendo as Barracas da Praia do Futuro – Uma luz depois do Farol”.
1º Festival de Gastronomia da Praia do Futuro
Pratos como salpicão de caranguejo, moqueca caranju (caranguejo+caju), paella de caranguejo, hambúrguer de caranguejo e o mais votado de todos: Cê Vixe, um ceviche com a patola do caranguejo… foram algumas das delícias presentes durante o festival. As barracas participantes foram:
- Barraca América do Sol
- Barraca Arpão
- Barraca Atlantidz
- Barraca Chico Beach
- Barraca da Tia
- Barraca Diferente Beach
- Barraca Estilo Praia
- Barraca Itapariká
- Barraca Marulho
- Barraca Nossa Praia
- Barraca Sabor das Ondas
- Barraca Santa Praia
- Barraca Saturno Beach
- Barraca Seu Venâncio
- Barraca Vira Verão
- Chico do Caranguejo
- Complexo Crocobeach
- Guarderia Brasil
- Órbita Blue
- Orla Praia Club
- Restaurante Terra do Sol
- Seu Domingo Beach Club
- Tempero do Mar
1º Fórum de Desenvolvimento ESG da Praia do Futuro
Na abertura do Festival, houve um rico momento de conversa com um fórum “Pé na Areia”, diretamente na Barraca Marulho. O momento foi dividido em três interessantes painéis:
Painel 1: Barracas da praia do futuro: Patrimônio Cearense (o qual participei junto às professoras Eveline e Alessandra, professoras do Mestrado em Gastronomia da UFC).
Painel 2: O Poder Público e o desenvolvimento do Polo Turístico da Praia do Futuro e contará com a participação de agentes públicos do setor turístico, infraestrutura e cultura.
Painel 3: ESG e o desenvolvimentos das Barracas da Praia do Futuro – contará com a participação de agentes importantes para tratar de desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Patrimônio e Pertencimento
Durante o encerramento, foi-nos dada a grata notícia de que o projeto das barracas da Praia do Futuro como Patrimônio Nacional está sendo pautada no senado, tendo sido aprovada na primeira etapa pelos deputados. Iniciativa da Associação dos Empresários da Praia do Futuro junto aos deputados André Figueiredo e Luiz Gastão.
O Festival Gastronômico da Praia do Futuro não apenas destacou a riqueza da nossa culinária, mas também fortaleceu o sentimento de pertencimento e orgulho da cultura cearense, reunindo comunidade local e turistas em uma celebração inesquecível.
